08 novembro 2011

TRAVESSIA PENEDA - SOAJO


LAMAS DE MOURO - LINDOSO

Vou aqui em poucas e breves palavras contar a história de mais uma travessia, daquelas em que o limiar da resistência física é levada ao red line (como eu gosto, portanto).

Assim sendo, acordamos de véspera, às 05H00 e às 06H00 eu, vitokorov, bombas e o Paulo já nos encontrávamos sentados nos bólides dos dois últimos, a caminho do Geres, essa bela zona do nosso Portugal.

Porque é que, sendo nós apenas quatro, levamos duas viaturas?

Porque os iluminados do Presidente e Vice tiveram a excelente ideia de deixar um dos carros no Lindoso e ir no outro para Lamas de Mouro, que dista cerca de 35/40 Kms e isto para quê?

Para no fim poupar esse esforço, ainda para mais porque o trilho idealizado pelo Vice ter cerca de 120Kms, sim… sim, coisa pouca, o homem está em forma, esquece-se é que eu pertenço aos para-olimpicos.

Se assim o pensamos, melhor o fizemos e às 08H30 chegamos ao Lindoso, onde nos preparamos, carregamos as bikes na Kangoo do Nuno e as bestas do Presidente e Vice e lá fomos serra acima… eis que surge o primeiro contratempo…


O Nuno pôs-se a galgar Kms serra acima e quando demos por ela (bem, eu não via nada, porque estava era atento, para não levar com uma bike em cima), estávamos em Espanha, quase na fronteira com a França…

resultado imediato deste engano, quase vomitava o frango e o frisante que ainda nem sequer tinha comido…

Isto promete…

Com estes percalços chegamos a Lamas de Mouro, aí por volta das 10H10 e saímos em cima das bikes às 10h40… após foto da praxe.

Paisagem deslumbrante, apesar do clima não ter sido muito amigo da malta e estar bastante carregado de nuvens, pese embora não chovesse…


começamos aquecer por 2km em estrada


mas primeiro foi necessário acertar os gps, por causa do nevoeiro...lol, ou não fosse o vitokorov seguir por uma grande rota pedestre que ali passava...

iniciamos a subida em estradão com destino ao parque eólico do Alto-Minho,

com passagem pela aldeia de Travassos, onde ainda conseguimos perguntar o nome da aldeia a uma senhora, por quem passamos e que foi o último vestígio da espécie humana que vimos na travessia quase toda.

A saída da aldeia fez por um carreiro entre campos com alguma pedra, um sinal do que nos esperava.

Após chegada ao alto da serra da Peneda, permanecemos dentro das nuvens e isso impediu-nos de desfrutar da paisagem à nossa volta, que se adivinhava deslumbrante…


fazendo lembrar aquela música da claque sportinguista “só eu sei porque não fico em casa”…

Após a foto no topo da serra, iniciamos uma ligeira descida, por uma estradão cheia de pedra, mas que não impediu o vitokorov de passar a voar com Lapierre.

e assim foi correndo a manhã e princípio da tarde, sempre no Planalto da Peneda e do Soajo, com trilhos espectaculares e de dificuldade técnica muito elevada (muita pedra), que faz a as delicias do Vice, mas que é o terror do meu tornozelo.



Passamos pelos tradicionais cavalos garranos, característicos desta região e que não nos ligaram nenhuma pois estavam a comer

e eu até pensei que estava em vila do conde, pois passamos também por umas digníssimas espécimes bovinas que deambulavam na serra (isto até para ser vaca é preciso ter sorte) …

Aos passarmos por um riacho de água límpida e cristalina o nosso vice sentiu o apelo da mãe natureza e não saiu de lá sem se agachar atrás de uma arbusto e aliviar a tripa,

poluindo de seguida o curso de água, com uma lavagem demorada das hemorróidas… ainda tentei documentar fotograficamente o momento, mas pensei melhor e não quis estragar a qualidade desta crónica.

A descida custou-me mais que a subida, isto porque, existiam muitas pedras, pedrinhas e calhaus mesmo no trilho, que obrigava mesmo a desmontar em alguns troços (ai o meu tornozelo)

nota positiva, deixamos de andar dentro da nuvem e pudemos desfrutar das magníficas paisagens, que apetece aprisionar e emoldurar dentro da nossa memória.

E assim, quase que sem dar pela passagem do tempo chegamos ao Mezio,

onde existe o parque de campismo de Travanca e um parque interpretativo do parque natural, o qual visitamos e fomos atendidos por umas amáveis e esforçadas senhoras que tiveram que suportar o bombardeamento do vice com perguntas sobre as rotas pedestres daquelas serras, que para além disso ainda teve o descaramento de regatear o preço de um mapa, ao nível de qualquer peixeira do mercado do bolhão.

Depois desse episódio lá descemos já em estrada até à aldeia do Soajo, em direcção não só à aldeia, bem como a um arco-íris, que parecia dar-nos as boas vindas aquele lugar, onde por sinal, ainda não tínhamos estado.

Na descida da serra o caminho continuava por um carreiro, para não varias com pedra solta, e como estava a chover intensamente, daqueles aguaceiros que nos molha até aos ossos e o frio começava a fazer mossa, decidimos parar o primeiro tasco da aldeia que vimos aberto (Casa do Povo).


e onde aproveitamos para reabastecer o depósito com alguma coisa quente (não… não… não foi frango e frisante… foi mais sande mista e galão… pois…)

O Vice lá nos empurrou até aos espigueiros

e ao pelourinho do lugarejol,

onde sacamos as fotos da praxe e o tempo já urgia… tínhamos ainda 9 kms a percorrer para chegar ao carro no Lindoso, isto se fossemos pelo caminho mais curto…

mas como nós só ali fomos ver a bola, decidimos dificultar a coisa e assim descemos quase até ao nível do mar (50 metros) e depois subimos 400 metros em altitude até ao Lindoso em 16 kms (mais 7 kms que a informação obtida junto de um nativo) de distância…

só quando passei ao largo da barragem do alto Lindoso é que percebi que descemos em vão, pois havia estrada e travessia na dita barragem… que podíamos ter usado, enfim, coisas de prós…

Mas o episódio mais caricato estava ainda guardado na manga… assim após um súbito desaparecimento do Vítor, pois ninguém conseguia acompanhar o seu excelente desempenho e já quase a chegarmos ao destino.

eis que o Nuno já com a língua quase a chegar-lhe aos pés se lembra de fazer uma inocente pergunta…

Paulo tens aí a chave do teu carro, não tens? Resposta do Paulo: eiiiii deixei-a ficar na carrinha em Lamas de Mouro… silêncio… pesar… eram quase 40 kms… sempre a subir… tá bem, eram por asfalto… mas a subir…

o que nos valeu foi o táxi da vila, que levou o Nuno e o Paulo até à carrinha, deixando o vice a fazer bike testes no mais completo breu e eu sentado no café do lugarejo a beber umas minis… tinha que ocupar o tempo… passada hora e meia lá apareceram eles com os carros.

Trocamos a roupa ainda molhada no cafezito (simpatia do proprietário), onde esperamos e o dono também, pois só já lá estávamos nós…

montamos as bikes e sacos nos carros e ala moleiro para o Porto, onde chegamos pelas 21H30, cheinhos de fome de comida, mas com a nossa alma fartinha de satisfação…

afinal de contas, durante o resto da semana sobraram-me ainda seis dias para comer, posso por isso passar um deles a curtir outras coisas…

Não quero terminar este relato sem deixar aqui uma palavra de incentivo e agradecimento aos nossos companheiros de aventura, Nuno e Paulo, que se portaram ao mais alto nível e encarnaram na perfeição o espírito destes passeios, fazendo-me a mim parecer amador… já posso pensar em reforma, pois ela não deve estar longe…

Jorge Almeida

Gigantone

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito boa, gostei de ler esta bela aventura....grande abraço..RTeixeira